Giulia

Quantas vezes julgamos as crianças e por que precisamos de estereótipos para respeitar os limites?

Vamos conhecer a Giulia. Hoje, seus pais, Ana Paula e Dimas Junior, irão nos apresentar a história da família.

"A Giulia é cardiopata e tem hidrocefalia. Ela não tem o nome específico da síndrome, pois é rara e só para saber o nome os valores estão fora do nosso orçamento. Também foi laudada como deficiente intelectual.

Vamos começar falando sobre a inclusão falsa, essa é uma realidade para nós. As pessoas não estão preparadas. Por exemplo, nas escolas, muitas vezes o espaço não comporta, os profissionais não estão preparados e os pais não criam as crianças para respeitar as diferenças, com a visão de que todos são iguais, mesmo com dificuldades diferentes.

Elas precisam de mais amor e menos julgamentos. Nós passamos por um momento chocante. A Giulia tem 14 anos, e nós mudamos de cidade e fomos procurar uma escola. Foi a primeira vez que praticamente recebi um não. Percebi que a escola não estava preparada para recebê-la e também não esconderam a falta de interesse em recebê-la. Isso foi um baque, pois, em 14 anos estudando em 4 escolas diferentes, foi a primeira vez que percebi o preconceito. Foi muito desagradável.

É uma sensação de abandono e vazio tão grande. Estamos em um mundo enorme, cheio de tecnologia e informações, mas nos sentimos sozinhos e desamparados.

Na nossa história toda, o que falta é respeito. Precisamos respeitar os limites dela. Isso não é só fora, muitas vezes na família as pessoas não respeitam os limites, acham que é exagero. Quando a Giulia encontra alguém que a respeita, dá amor e carinho, ela se apega e vai. Ela precisa de um porto seguro, e é bem difícil encontrar essas pessoas.

Muitas vezes, as pessoas só reconhecem a pessoa com deficiência quando ela é muito estereotipada ou quando tem um nome. Elas precisam de um nome para dar respeito aos limites. Se não houver uma dessas coisas, é ainda mais difícil.

O desenvolvimento da Giulia tem muito da mãe, pois ela sempre lutou e foi atrás, não negligenciou. Por esse esforço, ela está se desenvolvendo muito bem.

No final, o nosso sentimento é de gratidão. A Giulia é exatamente o que nós queríamos, era ela desse jeitinho e está tudo bem.

É aceitação, é um amor, enxergar ela exatamente como ela é, sem cobrança, sem nada mais." (Ana Paula e Dimas - Pais da Giulia)

Nós agradecemos à família da Giulia, que abriu o coração e nos presenteou com essa história linda de amor e dedicação.

Desejamos para a Giulia que ela seja somente o que desejar e que o mundo se modifique para que ela tenha oportunidade de brilhar.

Você que chegou até aqui, clique no coração que aparece nas fotos para curtir.